Compositor: Michele Salvemini
Sigo reto pelo meu caminho entre valentões e socos
Sou um pivete entre as merdas, pareço mesmo Arale
Ou uma fusão de Mafalda com o smurf Gênio
À banca de jornal, portal espaço-temporal
Amo os quadrinhos mas ninguém nunca me explicou
Passo o tempo isolado voltando do quarteirão
Leio Jac e Bonvi, depois tento fazer minhas tiras
Dobro as folhas em quatro, esboço um sorriso raro
O que serei adulto? Quadrinista da Apúlia
E não me procure, sou Tristão da Cunha
Tenho uma missão designada desde o berço
Deixe que molhe a ponta
Deixe que sobreviva à selva
Deixe que seja o estranho nos olhos de quase todos
Só porque leio um volume entre blocos de quebra-mar
Transbordam tantas dúvidas
Mas sei que toda tira salva das dificuldades
Noite passada, um quadrinho salvou minha vida
De Magnus a Go Nagai
O fascínio não passa nunca, nunca, nunca
Noite passada, um quadrinho salvou minha vida
O fascínio não passa nunca, nunca, nunca, nunca
Noite passada
Graças aos quadrinhos descubro música que logo
Tomará para si todo o espaço sem permissão
Rockets, Kraftwerk, bandas que além do mais
Parecem saídas das mesas de Frank Hampson
Faixas que capturam meu interesse
Se são cantadas por Bowie vestido de extraterrestre
Me torno um rapper entre caras alfa, sou Ziggy Stardust
Não sabem qual é o sentido como os primeiros mangás
Tenho um caráter inadequado ao ofício que escolhi
Prefiro a ausência ao clamor
Mesmo assim deixo que o volume me rasgue a orelha
Me sinto o último Metabarão
Levo as HQs em todo disco, em todo palco
Em toda viagem de van, em toda mochila, graphic novel
Se me comporto como jovenzinho, pode me chamar de shonen
Autografo cópias dentro de um pavilhão
Noite passada, um quadrinho salvou minha vida
De Magnus a Go Nagai
O fascínio não passa nunca, nunca, nunca
Noite passada, um quadrinho salvou minha vida
O fascínio não passa nunca, nunca, nunca, nunca
Noite passada
É o dia de Exuvia, faço audiometria
A minha esperança queima, como a carruagem de Elias
O diagnóstico é que estou ficando surdo
Estou em Roma para o Media Day, mas queria fugir
As minhas entrevistas nos dias mais tristes, pena
Respondo calmo a todos os jornalistas, teatro
Não bastavam os malditos zumbidos, fodam-se os discos
Não quero esquecer das vozes que amo
Acordo com pensamentos macabros, ofego suando
Na cama imagino uma corda no ramo mais alto
É uma condenação, tiram de mim fotos fichadas
Mas os quadrinhos lançam boias salva-vidas
Graças à capa do disco pop-up
Saio renascido do comic festival como rehab
Sei que, se perder os superpoderes ou o espelho disser: Me mate
O espectro de Jack Kirby me recuperará
Noite passada
Noite passada, um quadrinho salvou minha vida
O fascínio não passa nunca, nunca, nunca, nunca
Noite passada, um quadrinho salvou minha vida
De Magnus a Go Nagai
O fascínio não passa nunca, nunca, nunca
Noite passada, um quadrinho salvou minha vida
O fascínio não passa nunca, nunca, nunca, nunca
Noite passada